História e Fotografia

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Missa campal celebrada em ação de graças pela abolição da escravatura no Brasil. Autor: Antonio Luiz Ferreira, 17 de maio de 1888. Campo de São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ.


















Neste artigo pretendo destacar a importância da fotografia para a História. Para tanto, privilegiarei dois usos que podemos fazer: a fotografia para a pesquisa histórica e o uso da fotografia em sala de aula. Outros usos, obviamente, podem ser dados.

A fotografia surgiu na década de 1830 e seus pais foram Louis Daguerre (1787-1851) e Joseph Niépce (1765-1833). Devido a sua característica de cópia/captura fiel de um momento acontecido, o pensamento da época atribuiu à fotografia um caráter de duplo da realidade. Desde então, seus usos foram dos mais variados, da moda à guerra, quase todas as áreas da sociedade foram afetadas pela fotografia.

Foto mais antiga do mundo,  tirada por Niépce por volta de 1826

O uso de fontes primárias em sala, seja de mapas, de pinturas/gravuras e de fotografias, costuma enriquecer e dinamizar o processo de aprendizagem. Os alunos, em geral, ficam curiosos quando expostos aos vestígios do passado. Levando-se em consideração o processo de desenvolvimento do pensamento histórico, ou seja, de aprender a interpretar o passado tendo o necessário cuidado para não incorrer em anacronismo, o uso de fotografias se destaca pelo seu realismo e pela contribuição para o conhecimento da história.

O primeiro ponto que se pode destacar no trabalho de análise de uma fotografia histórica é a historicidade e a intencionalidade das imagens. Assim, transpomos o obstáculo do anacronismo. Toda fotografia quer dizer algo (que não se confunda a qualidade técnica de uma foto com a ausência de funcionalidade), tem uma mensagem primária, digamos assim. Essa camada superficial salta ao olhos logo no primeiro momento. A imagem deve ser lida em sua intencionalidade, levando-se em consideração quem a produziu, com qual finalidade e para qual público-alvo.

O segundo ponto de destaque é  que, para além da captura fiel de um momento, há uma miríade de informações que podem ser extraídas, mensagens secundárias. Nesse ponto, como toda fonte histórica, a fotografia vale pelo que fala e pelo que cala. Os serviços de inteligência dos Estados são peritos em extrair informações valiosas de fotografias relativamente inocentes. O historiador não deve ser diferente.

Outra vantagem da fotografia é trazer para o mundo da imagem concreta o conhecimento que antes ficava em abstrato. Imaginemos como é rica uma imagem com as condições de trabalho de um operário se comparada a uma gravura da Idade Média que retrata a rotina de um camponês. Desta forma, penso que conseguimos tocar mais os alunos de uma sociedade tão imagética quanto a nossa.

Trabalhar os pontos acima dá oportunidade a professores e alunos de se aprofundarem em tópicos relevantes da História Contemporânea, tais como a escravidão no Brasil, a Revolução Industrial, as Guerras Mundias etc.

Visando contribuir para o uso desta ferramenta em sala de aula, compartilho dois portais com fotografias de época. O acervo é rico e gratuito.

A Fundação Biblioteca Nacional, com o Portal Brasiliana Fotográfica, proporciona acesso a dezenas de fotos do Brasil.

Já o projeto Europeana Collections, oferece centenas de fotos de países europeus.

Façam bom proveito.

Bibliografia:

BORGES, Maria Eliza Linhares. História e Fotografia. Editora Autêntica.
MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: Fotografia e História interfaces. Revista Tempo, Rio de Janeiro.

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