Ensino de História: o ofício do historiador, o uso de fontes primárias e os limites da historiografia

É muito comum entre os professores de História ter que trabalhar, já nas primeiras aulas, o ofício do historiador. Pessoalmente, considero importante explicar aos alunos como é possível atestar a veracidade do que está escrito nos livros. Afinal de contas, poucos são os historiadores que viveram a época que estudam. Logo, como seria possível contar a vida de pessoas que viveram há milênios? Partindo desse princípio, tentarei responder a pergunta: Como se produz o conhecimento histórico?

O primeiro ponto é a questão das fontes históricas. Mas, afinal, O que são fontes históricas? De forma muito sucinta, pode-se afirmar que elas são evidências, vestígios deixados pelos seres humanos ao longo da sua presença no mundo. Esses indícios, também chamados de documentos históricos, são investigados e cruzados por meio de pesquisas minuciosas. Como resultado, fornecem base para a decifração e a compreensão do passado.   

As fontes históricas também são conhecidas como fontes primárias, por permitir acesso direto ao passado. São exemplos: as pinturas rupestres, os instrumentos e utensílios, as construções, os documentos oficiais, os mapas, as obras de arte, os livros, os pergaminhos, as moedas. Pode-se considerar, também, os mitos e histórias transmitidos pela tradição oral e escrita. Em resumo: tudo que o ser humano produz é um documento e serve como suporte de pesquisa.

O segundo ponto é a questão científica: Como decifrar as fontes históricas? Trabalho árduo, é pautado por diversos métodos e teorias próprias. Aqui não cabe a discussão minuciosa sobre o assunto, mas é importante que o professor saiba explicar as diferentes perspectivas que o ofício do historiador pode utilizar em suas pesquisas. Trabalhar as diferenças entre o Positivismo, o Materialismo Histórico e a Escola dos Annales, por exemplo, é enriquecer o olhar dos alunos.

O ofício do historiador é interdisciplinar e é auxiliado por teorias e métodos advindos de outras ciências, tais como a Antropologia, a Arqueologia, a Economia, a Geografia, a Psicologia, a Sociologia etc.

O terceiro ponto é o limite do trabalho do historiador. É possível conhecer tudo o que aconteceu no passado? O uso de fontes históricas; o trabalho teórico-metodológico; o uso e o confronto com outras produções historiográficas (as fontes secundárias, assim chamadas por fornecer um conhecimento indireto do passado), por mais meticuloso que seja, permite a reconstrução aproximada, mas nunca exata, do passado.

Destacar a incompletude do trabalho historiográfico, é explicar porque a História, e as ciências humanas em geral, estão em constante trabalho visando o aprimoramento e alargamento do seu volume de conhecimento. Acima de tudo, creio, apontar as limites da História é apresentar aos alunos, de forma sincera, os limites do próprio conhecimento humano.   

Essas questões, e muitas derivadas delas, podem parecer menores diante do imenso conteúdo a ser trabalhado em sala. Mas, acredito, serão elas que oferecerão aos alunos as bases para que eles sejam críticos de fatos históricos tidos como imutáveis. Se queremos que os alunos aprendem o conteúdo, penso que é necessário que eles sabiam como a História é produzida e se ela pode ser considerada confiável.

Segue o endereço de um portal criado pela Universidade Federal de Alfenas que compila inúmeros portais que contém fontes primárias para uso de professores e pesquisadores.





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